Apesar do momento conturbado porque estamos passando, devido a pandemia do coronavírus, Covid-19, estamos muito felizes por esta notícia: três professores brasileiros, estão na lista do TOP 50 do maior prêmio para professores do mundo e considerado o “Nobel da Educação”, trata-se do Global Teacher Prize, anunciado pela Varkey Foundation, organizadora/patrocinadora do prêmio em parceria Unesco. No ano passado tivemos a professora Débora Garofalo entre os 10 finalistas do Global Teacher Prize em 2019. O seu trabalho de robótica com sucata que consiste em coletar lixo das ruas, materiais e equipamentos recicláveis em protótipos de robótica, nesta mesma edição, tivemos o Professor Jayse Ferreira, de Itambé, Pernambuco, entre os TOP 50, sendo o ganhador o professor Peter Tabishi, do Quênia.
Isso demonstra a importância de reconhecer e valorizar os professores. Os três brasileiros finalistas da edição 2020, Doani, Francisco e Lília são professores de escola pública e tiveram os seus trabalhos selecionados por um júri internacional. O trabalho destes professores tem em comum a inclusão de estudantes, principalmente de periferias e baixa renda, com atividades significativas e transformadoras.
Conheça um pouco sobre os trabalhos dos brasileiros finalistas
Doani Emanuela Bertan trabalha como professora bilíngue de Português e Língua Brasileira de Sinais. A escola em que ela ensina fica em Campinas, São Paulo, em uma área de privação, que lutava com altas taxas de evasão. Doani e seus colegas começaram a procurar novas estratégias para otimizar o aprendizado. Ela ensina à LIBRAS para seus alunos com deficiência auditiva e começou a promover video chamadas para responder a suas dúvidas e preocupações nas aulas diárias.
Esses tutoriais on-line se transformaram em videoaulas bilíngues, permitindo que o conhecimento se espalhasse fora do ambiente escolar. Além do uso da tecnologia como ferramenta, eles permitem tempos e espaços de aprendizado flexíveis, apoiam pais e famílias e possibilitam novas experiências educacionais.
Todas as suas aulas foram enviadas para um canal do YouTube e agora têm acesso gratuito. Sua escola se destaca por sua alta matrícula de alunos com deficiência auditiva e professores que promovem o LIBRAS como uma ferramenta eficaz de inclusão.
Francisco Celso de Freitas é professor de história, especialista em educação inclusiva e instrutor de mediadores sociais. Ele, trabalha no Centro Educacional da Unidade Penitenciária de Santa Maria, na cidade de Brasília, onde jovens privados de liberdade assistem às aulas. Francisco é fundador e coordenador do Projeto RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), que utiliza a musicalidade do rap e a poesia como uma ferramenta pedagógica emancipatória capaz de promover os valores de uma cultura de paz e direitos humanos com vínculos históricos.
O projeto atende cerca de 150 adolescentes (meninos e meninas), mantidos na Unidade de Hospitalização do Distrito Federal de Santa Maria, que tiveram problemas com a lei, às vezes por atos de violência, e que são propensos a autoagressão e tentativas de suicídio. Os jovens do projeto se beneficiaram da educação socioeconômica e da reabilitação, gravando vídeos, participando de festivais de música e cultura e os recursos produzidos pelo projeto, como músicas, videoclipes e e-books, foram colocados on-line gratuitamente para que outros possam usufruir dos benefícios.
Francisco recebeu amplo reconhecimento e prêmios pelo projeto RAP e participou de conferências e visitou escolas para dar palestras sobre o valor dessa forma de mediação social, ressocialização, combate ao uso e abuso de drogas, enfrentando várias formas de preconceito e a descriminalização de cultura urbana. Além disso, ele acompanhou os jovens depois de completarem seu período na Unidade Penitenciária, para que não voltassem ao mesmo ciclo de violência que os levou até lá. A maioria dos graduados conseguiu reintegrar a sociedade e alguns se dedicaram ao rap, fazendo apresentações, gravando álbuns e videoclipes com mensagens sobre liberdade e atendendo às demandas dos jovens.
Lília Melo ensina crianças e jovens pobres em uma área carente e muitas vezes violenta de Belém, no norte do Brasil, onde assassinatos, tráfico de drogas e estupro são comuns. Para ajudar seus alunos a lidar com a situação, Lília escreveu um projeto intitulado “Juventude negra periférica do extermínio ao protagonismo” sobre o aprimoramento da arte na escola e na comunidade. Começou a oferecer oficinas de fim de semana sobre tambor, capoeira, dança, teatro, poesia, algumas na escola, outras nas ruas e praças, que formavam laços com a comunidade local. A partir de um texto de Lília na mídia local sobre seus alunos serem pobres demais para terem acesso ao filme “Pantera Negra” da Marvel, as empresas locais se uniram e financiaram 400 ingressos para que os jovens pudessem assistir ao filme.
Da coleção de fotos e vídeos que narraram o evento do filme, surgiu a ideia de produzir um documentário, que recebeu diversos prêmios. Lília decidiu reinvestir os recursos recebidos na compra de equipamentos. Eles compraram câmeras, lentes e uma nova produção foi feita por jovens estudantes da escola.
Os debates ajudaram a reforçar a mensagem do filme e a refletir sobre a importância da representação na ficção. Eventualmente, os próprios alunos se tornaram protagonistas à medida em que universidades, museus e empresas se interessaram e entraram em contato para ouvir os alunos e conhecer suas histórias, fazendo convites para realizar palestras. Em vez de ficarem quietos em um auditório, os alunos foram lá para serem ouvidos.
Todos os projetos de Lília foram realizados com pouca infraestrutura e pouco equipamento. A escola aumentou significativamente as taxas de matrícula, a taxa de evasão diminuiu e os resultados do aprendizado melhoraram. Muitos de seus alunos se tornaram líderes no campo das artes, protagonistas de sua própria história, sendo uma inspiração para sua comunidade.
Processo de seleção ao Global Teacher Prize.
Eles foram selecionados entre mais de 12.000 trabalhos de 140 países, merecem aplausos e todo o nosso reconhecimento e torcida, assim como todos os professores que lutam constantemente pela melhoria de vida dos nossos educandos e que promovem a transformação social em nosso país.
Obrigado a todos os guerreiros do nosso país e do mundo, vocês são merecedores de toda forma de reconhecimento. Parabéns guerreiros.
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Fonte: Global Teacher Prize.
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