Sugestões de filmes para estudar literatura na Quarentena
A literatura não pode ser substituída, mas os filmes surgem como uma importante fonte e potencial recurso audiovisual que devem servir como um complemento. As imagens criadas pela linguagem literária são únicas e não podem ser trocadas por outras formas de arte. O filme não funciona como algo que entra no lugar do livro. O cinema é, nesse caso, um facilitador da aprendizagem que relaciona e potencializa o material estudado.
As diferenças de expressão entre o audiovisual e a literatura podem ser percebidas em qualquer adaptação cinematográfica. Ainda assim, há exemplos que chamam mais atenção, seja por mudanças estruturais no enredo ou por escolhas narrativas que dão atmosferas diferentes às obras.
Elencamos aqui uma pequena lista com sugestões de filmes baseadas em obras da literatura clássica que irão potencializar os seus estudos e ajudarão na sua aprendizagem futura.
“Macunaíma”, de 1969, uma das adaptações mais valiosas na história do cinema nacional. Estrelado por Grande Otelo, o filme é baseado no romance de Mário de Andrade, que narra a aventura folclórica de um homem que nasce negro e fica branco após banhar-se em uma fonte.
Macunaíma e a renovação da linguagem literária. Publicado em 1928, numa tiragem de apenas oitocentos exemplares (Mário de Andrade não conseguira editor), Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é uma das obras pilares da cultura brasileira.
Numa narrativa fantástica e picaresca, ou, melhor dizendo, “malandra”, herdeira direta das Memórias de um Sargento de Milícias (1852) de Manuel Antônio de Almeida, Mário de Andrade reelabora literariamente temas de mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e do resto do país, fundando uma nova linguagem literária, saborosamente brasileira.
“Vidas Secas”, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, é uma representação em preto e branco da obra de 1938, de Graciliano Ramos, celebrada por descrever com fidelidade a vida no sertão nordestino do século passado. A obra Vidas Secas retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.
“Capitães da Areia”, de Jorge Amado não marcou apenas os leitores dos anos 30. A adaptação de 2011 para o cinema, dirigida pela neta do autor, Cecília Amado, usa a linguagem audiovisual para contar as histórias dos meninos de rua na cidade baiana.
romance, que retrata o cotidiano de um grupo de meninos de rua, procura mostrar não apenas os assaltos e as atitudes violentas de sua vida bestializada, mas também as aspirações e os pensamentos ingênuos, comuns a qualquer criança.
“Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel”, é um retrato que segue fielmente a trama de “Iracema”, publicado por José de Alencar em 1865. O romance é um dos principais títulos do Romantismo no Brasil.
A narrativa de Iracema estrutura-se em torno da história do amor de Martim por Iracema.
Diferentemente do que ocorre em outros romances de José de Alencar, como em O Guarani, o enredo de Iracema é aberto a interpretações. A relação entre Martim e Iracema significa a união entre o branco colonizador e o índio, entre a cultura europeia, civilizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons. É uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira.
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, uma das primeiras obras do Realismo brasileiro, Machado de Assis abre as portas para uma prosa mais subjetiva. No romance de 1881, o narrador é Brás Cubas, homem morto que aproveita a oportunidade para falar sobre tudo aquilo que não pôde durante a vida. Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.
“Triste Fim de Policarpo Quaresma”. O livro Pré-Modernista de Lima Barreto conta a vida de Policarpo, personagem tomado por um patriotismo que beira a loucura.
Publicado inicialmente em folhetins no ano de 1911, “Triste fim de Policarpo Quaresma” é um romance do período do Pré-Modernismo brasileiro. Por meio da vida tragicômica do major Quaresma, um nacionalista fanático, ingênuo e idealista. A obra fala do abismo existente entre as pessoas idealistas e aquelas que se preocupam apenas com seus interesses e com sua vida comum. Com uma narrativa leve que em alguns pontos chega a ser cômica, mas sempre salpicada de pequenas críticas a vários aspectos da sociedade, Lima Barreto revela as estruturas sociais e políticas do Brasil da Primeira República, enfocando os fatos históricos do governo de Floriano Peixoto.
“O Cortiço”, longa de 1978 dirigido por Francisco Ramalho Jr. que tomou a liberdade criativa de dar foco à paixão entre os personagens Jerônimo e Rita Baiana, ao contrário do romance homônimo escrito por Aluísio Azevedo.
Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.
“Morte e Vida Severina”, obra de João Cabral de Melo Neto, narra a trajetória de Severino, retirante nordestino, que, sozinho, vai em direção à Zona da Mata, na tentativa de encontrar trabalho regular, de maneira a dar sentido à sua vida.
Severino é uma metáfora para nordestino, que na maioria das vezes sai do sertão acreditando que no Recife, ou outras cidades nas quais a seca é mais branda, a vida pode ser melhor, mas em todo percurso ele vai percebendo que a vida Severina, independe do lugar, ou das condições climáticas.
Esse poema, na verdade, é uma peça teatral em forma de versos, com motivo religioso, enquadrando-se no modelo dos Autos de Natal, comumente representados em locais públicos, na época natalina, durante a Idade Média.
Os versos não têm rimas, mas foram produzidos com métrica curta e rigorosa: são todos redondilha maior (7 sílabas), considerada uma medida clássica, sendo também o metro empregado pelos cancioneiros populares, como na literatura de cordel.
O filme de Zelito Viana, de 1977, é elogiado também pela preocupação em ser fiel ao auto de João Cabral de Melo Neto. Com Elba Ramalho e Stênio Garcia no elenco, o drama conta a história do retirante da seca Severino, que viaja a Recife em busca de mais oportunidades.
“O Primo Basílio” No Primo Basílio, Eça de Queirós faz um panorama da sociedade portuguesa da época. Suas críticas sociais à burguesia e aos atos humanos são expostas, por exemplo, na análise psicológica de seus personagens, dos estereótipos e de seus comportamentos.
A obra está dividida em 16 capítulos. Temas como o adultério, a hipocrisia, o caráter, a mediocridade e os valores morais são as principais características do romance realista-naturalista português.
Por meio de diversas descrições, ele analisa o ambiente e seus personagens desde suas angústias, prazeres, medos, desejos, etc.
Cruz e Sousa: o poeta do Desterro. O filme reconstrói a vida do poeta João da Cruz e Sousa, introdutor do Simbolismo no Brasil e considerado o maior poeta negro da língua portuguesa. Retrata suas paixões, o empoderamento social, racial e intelectual, culminando com seu fim trágico.
Fique sempre bem informado, clique aqui e participe do nosso grupo para receber as informações em primeira mão.
Participe também do nosso grupo no telegram, compartilhe e indique seus amigos, a sua ajuda é muito válida. Clique aqui para participar.
Fonte: Internet